domingo, 19 de janeiro de 2020

TOQUE DE BERIMBAU: EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NA CAPOEIRA


EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NA CAPOEIRA: PROPOSTA DE ENSINO DE TOQUES DE BERIMBAU

Marcelo Pamplona Beccino*

Muitos praticantes da capoeira, entre alunos, graduados professores entoam seus cantos ao toque do berimbau, porém muito desconhecem que o berimbau tem suas notas musicas, isso é justificado pelo fato do conhecimento da capoeira ter sido passado de geração em geração pelos mestres através da prática e da oitiva. Mas com o passar dos anos a capeira foi sendo reconhecida por ter várias vertentes, a primeira claro foi a LUTA, e em seguida, muitas outras como a cultural, a desportiva, a da saúde, a educacional e também a musical, dos anos 80/90 pra frente essas áreas de conhecimento vem produzindo material e colaborando para o crescimento e desenvolvimento de nossa arte. 
Pensando nisso, nós da Associação de Capoeira Origem Brasileira - ACOB pesquisamos algumas fontes de leitura e postamos uma parte deste artigo.

Espero que gostem e boa leitura!


O ARCO MUSICAL DA CAPOEIRA

O berimbau é um instrumento musical de percussão. A percussão é formada por grande grupo de instrumentos que se executam percutindo, sacudindo, raspando ou batendo um contra o outro (SUSAN, 2006). Alguns desses instrumentos se situam entre os mais antigos conhecidos, datando da história humana, quando eram usados para danças, rituais, envio de sinais de comunicação e guerra (BENNETT, 1985).

O berimbau é um arco musical monocórdio muito usado no jogo da capoeira, com afinações em três tons (SANTOS,1990). O berimbau é capaz de emitir diversas sonoridades. O instrumento compensa suas limitações melódicas pela riqueza de ritmos.

Aqui no Brasil encontramos quatro instrumentos diferentes, são eles: Berimbau-de-boca; Berimbau-de-barriga; Berimbau ou birimbao; e o berimbau-de-bacia (SHAFFER,1977). Atualmente o berimbau-de-barriga é o mais comum no Brasil principalmente pelo seu uso na capoeira.

O berimbau é composto de uma verga de madeira, um disco de couro, dois pregos pequenos, um pedaço de arame de aço, dois pedaços de barbante, uma cabaça, uma baqueta, um dobrão e o caxixi. No jogo da capoeira os demais instrumentos que compõem a orquestra têm papel de subordinação ao
berimbau. O berimbau através de seus toques conversa com os capoeiristas, existe toque que pede para o capoeirista fazer um jogo mais acrobático, há toque que exige um jogo mais agressivo e tem o toque para dançar o samba de roda. Também tem toque que avisa a aproximação do perigo, enfim, o
berimbau dialoga com todos.


TOCANDO BERIMBAU
Os principais elementos sonoros a serem levados em conta, são eles: o DIM que é a nota aguda ocorrendo quando o dobrão é apertado contra a corda e a baqueta bate na corda pouco acima do dobrão; o DOM que é a nota grave sem o dobrão estar encostado na corda e a baqueta batendo entre o dobrão e o barbante; o TIM que é o escracho, obtido encostando levemente o dobrão na corda e ao mesmo tempo batendo a vareta na corda (MARCONI; SAMPAIO; TIBÉRIO, 1987), o escracho é como um chiado; e o TINS que é o semiescracho (som derivado do escracho, na região norte conhecido como chiado), obtido encostando o dobrão na corda quando a mesma está vibrando, mas sem tocar a baqueta na corda gerando um som que aproveita a vibração feita pela mais recente batida.

Vários são os toques de berimbau utilizados, porém usaremos como exemplo dois toques, são eles:

- Angola: o toque específico do jogo da capoeira Angola. É um toque lento, cadenciado, bem batido no atabaque. É feito para o jogo de dentro, jogo baixo, rente ao chão e devagar;
- Samba de Roda: é o toque original da roda de samba, geralmente feita depois da roda de capoeira, para descansar e descontrair o ambiente. O samba também era utilizado para esconder a prática da capoeira, pois quando se aproximava alguma autoridade ou delator a roda de capoeira se transformava em roda de samba.



PARTITURAS E TOQUES

A linha vertical é o pequeno intervalo de tempo
entre uma batida ou uma sequência de batidas;


 A nota aguda é um ponto colocado na linha de cima;




A nota grave é um ponto colocado sempre na linha de baixo;




O escracho é um “x” na linha de cima;




O semi-escracho é um asterisco colocado sempre na linha de cima.





Importante citar que o toque deverá ser sempre repetido por inteiro e que abaixo da partitura do toque fica a representação para vocalização onde a vírgula representa a linha vertical. Veja os exemplos:


ANGOLA

TIM TIM, DOM, DIM



SAMBA DE RODA


TIM TIM, DOM, TIM TIM, DOM, TIM TIM, DOM TINS DOM DOM


* Autor do artigo - Pós Graduado da FIBRA
Confira o artigo completo em:
 https://www.academia.edu/3264314/EDUCA%C3%87%C3%83O_PATRIMONIAL_NA_CAPOEIRA_PROPOSTA_DE_ENSINO_DE_TOQUES_DE_BERIMBAU

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